sexta-feira, 26 de junho de 2009
quinta-feira, 25 de junho de 2009
segunda-feira, 15 de junho de 2009
domingo, 14 de junho de 2009
sábado, 13 de junho de 2009
É luxo só
Tu é puta ou é santa me perguntou ela. Aquilo ecoou na minha cabeça dias e continua agora, firme, forte e em espirais. Ela tinha um jeito duro e lento de falar, penetrava na gente. Contava , sem traços de auto-piedade, dos abortos que fez em lugares fétidos, das surras e curras que levou- a violação a uma puta é sempre demonstração gratuita de um ódio a liberdade, porque se tens acesso ao corpo não precisas tomá-lo à força. E no meio disso tudo:-tu é puta ou santa? E eu que sei?Ela parecia saber que mulheres como eu buscam desesperadamente serem livres no que diz respeito ao sexo. Vocês não querem machos dominadores, mas querem conforto pra levar a vida. Não querem dar satisfação mas querem viagem pra Europa, querem ter liberdade mas com uma jóia no dedo. A mulher era dura e lenta.Liberdade ou segurança?Puta ou santa?Me disse que tinha medo de drogas e bebida. Depois de 5 overdoses e de um princípio de cirrose ficou ressabiada, mas nada que allterasse sua vida.Tem marcas e cicatrizes pela delimitação territorialista de sua área de trabalho, principalmente com as travecas. Tem que ser forte - bater mesmo senão as vecas levam o ponto, não gosto delas. Depois me conta que uma de suas melhores confidentes é uma..Perto das suas experiências, todas minhas dúvidas e experiências eram por demais infantis, burguesas e até saudáveis.Sair com um homem transar enlouquecidamente com ele e ficar triste pq ele não liga no dia seguinte é ser puta? Não, puta é bem mais livre que isso. A pergunta dela puta/santa, me fez pensar que mulher mediana acredita na balela:sou bem sucedida, tenho o corpinho em dia agora só falta o machinho adequado pra babar em mim. Essa mulher que diz querer curtir sua vida sem amarras e tabus, mas não suporta que o homem não ligue ou não diga que ela é maravilhosa, nada mais é do que a Amélia com grana no bolso. A puta é muito mais livre e honesta do que a média/mediana que dá pro seu parceiro pq se acomodou e diz -não tá lá essas coisas mas tá bom assim, pq pelo menos tenho alguém..Ela disse que me reconheceu de imediato como puta, mesmo de óculos, livro na mão e pagando minha própria bebida. A pergunta puta/santa foi pra sacanear e completou de saída -eu sou puta, tu é só uma ameaça, um arremedo.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Nei Lisboa: bar de mulheres.
Que segredo escondes
Em teus lares de modernas
Entre pernas de arlequins
Nesses pares de malucas
Por tabernas de sinuca e gim
Que perigo aponta
O teu cigarro lá no céu
Será que encerras minha conta
Ou que anuncias às demais
Que eu já desmaio e clamo por meus sais
Por que farejo alguma coisa ruim?
Viés de algum desastre
Caminho para o fim
De sermos seres separados e afins
Já és Simone e Sartre
E não precisas mais de mim
Decididamente
Enlouqueceste o meu discurso
De confuso já pequeno
Ou tens um parafuso a mais
Ou eu um membro a menos que os normais
Que falo se me falas depois
Que és ambos os pais
E eu resto para os bois
Quem disse que existimos iguais
Se amas por nós dois
De mim já não precisas mais
terça-feira, 2 de junho de 2009
O Elixir do pajé
O poema abaixo é de um dos expoentes do romantismo brasileiro. Vale a pena ler até o final. O autor de A Escrava Isaura e O Seminarista, Bernardo Guimarães também ofertou-nos com farta e fértil literatura erótica(?).
Que tens, caralho, que pesar te oprime
que assim te vejo murcho e cabisbaixo
sumido entre essa basta pentelheira,
mole, caindo pela perna abaixo?
Nessa postura merencória e triste
para trás tanto vergas o focinho,
que eu cuido vais beijar, lá no traseiro,
teu sórdido vizinho!
Que é feito desses tempos gloriosos
em que erguias as guelras inflamadas,
na barriga me dando de contínuo
tremendas cabeçadas?
Qual hidra furiosa, o colo alçando,
co'a sanguinosa crista açoita os mares,
e sustos derramando
por terras e por mares,
aqui e além atira mortais botes,
dando o co'a cauda horríveis piparotes,
assim tu, ó caralho,
erguendo o teu vermelho cabeçalho,
faminto e arquejante,
dando em vão rabanadas pelo espaço,
pedias um cabaço!
Um cabaço! Que era este o único esforço,
única empresa digna de teus brios;
porque surradas conas e punhetas
são ilusões, são petas,
só dignas de caralhos doentios.
Quem extinguiu-te assim o entusiasmo?
Quem sepultou-te nesse vil marasmo?
Acaso pra teu tormento,
indefluxou-te algum esquentamento?
Ou em pífias estéreis te cansaste,
ficando reduzido a inútil traste?
Porventura do tempo a destra irada
quebrou-te as forças, envergou-te o colo,
e assim deixou-te pálido e pendente,
olhando para o solo,
bem como inútil lâmpada apagada
entre duas colunas pendurada?
Caralho sem tensão é fruta chocha,
sem gosto nem cherume,
lingüiça com bolor, banana podre,
é lampião sem lume
teta que não dá leite,
balão sem gás, candeia sem azeite.
Porém não é tempo ainda
de esmorecer,
pois que teu mal ainda pode
alívio ter.
Sus, ó caralho meu, não desanimes,
que ainda novos combates e vitórias
e mil brilhantes glórias
a ti reserva o fornicante Marte,
que tudo vencer pode co'engenho e arte.
Eis um santo elixir miraculoso
que vem de longes terras,
transpondo montes, serras,
e a mim chegou por modo misterioso.
Um pajé sem tesão, um nigromante
das matas de Goiás,
sentindo-se incapaz
de bem cumprir a lei do matrimônio,
foi ter com o demônio,
a lhe pedir conselho
para dar-lhe vigor ao aparelho,
que já de encarquilhado,
de velho e de cansado,
quase se lhe sumia entre o pentelho.
À meia-noite, à luz da lua nova,
co'os manitós falando em uma cova,
compôs esta triaga
de plantas cabalísticas colhidas,
por sua próprias mãos às escondidas.
Esse velho pajé de pica mole,
com uma gota desse feitiço,
sentiu de novo renascer os brios
de seu velho chouriço!
E ao som das inúbias,
ao som do boré,
na taba ou na brenha,
deitado ou de pé,
no macho ou na fêmea
de noite ou de dia,
fodendo se via
o velho pajé!
Se acaso ecoando
na mata sombria,
medonho se ouvia
o som do boré
dizendo: "Guerreiros,
ó vinde ligeiros,
que à guerra vos chama
feroz aimoré",
- assim respondia
o velho pajé,
brandindo o caralho,
batendo co'o pé:
- Mas neste trabalho,
dizei, minha gente,
quem é mais valente,
mais forte quem é?
Quem vibra o marzapo
com mais valentia?
Quem conas enfia
com tanta destreza?
Quem fura cabaços
com gentileza?"
E ao som das inúbias,
ao som do boré,
na taba ou na brenha,
deitado ou de pé,
no macho ou na fêmea,
fodia o pajé.
Se a inúbia soando
por vales e outeiros,
à deusa sagrada
chamava os guerreiros,
de noite ou de dia,
ninguém jamais via
o velho pajé,
que sempre fodia
na taba na brenha,
no macho ou na fêmea,
deitando ou de pé,
e o duro marzapo,
que sempre fodia,
qual rijo tacape
a nada cedia!
Vassouras terrível
dos cus indianos,
por anos e anos,
fodendo passou,
levando de rojo
donzelas e putas,
no seio das grutas
fodendo acabou!
E com sua morte
milhares de gretas
fazendo punhetas
saudosas deixou...
Feliz caralho meu, exulta, exulta!
Tu que aos conos fizeste guerra viva,
e nas guerras de amor criaste calos,
eleva a fronte altiva;
em triunfo sacode hoje os badalos;
alimpa esse bolor, lava essa cara,
que a Deusa dos amores,
já pródiga em favores
hoje novos triunfos te prepara,
graças ao santo elixir
que herdei do pajé bandalho,
vai hoje ficar em pé
o meu cansado caralho!
Sus, caralho! Este elixir
ao combate hoje tem chama
e de novo ardor te inflama
para as campanhas do amor!
Não mais ficará à-toa,
nesta indolência tamanha,
criando teias de aranha,
cobrindo-te de bolor...
Este elixir milagroso,
o maior mimo na terra,
em uma só gota encerra
quinze dias de tesão...
Do macróbio centenário
ao esquecido mazarpo,
que já mole como um trapo,
nas pernas balança em vão,
dá tal força e valentia
que só com uma estocada
põe a porta escancarada
do mais rebelde cabaço,
e pode em cento de fêmeas
foder de fio a pavio,
sem nunca sentir cansaço...
Eu te adoro, água divina,
santo elixir da tesão,
eu te dou meu coração,
eu te entrego a minha porra!
Faze que ela, sempre tesa,
e em tesão sempre crescendo,
sem cessar viva fodendo,
até que fodendo morra!