Quanto menos comes, bebes, compras livros e vais ao teatro, pensas, amas, teorizas, cantas, sofres, praticas esporte, mais economizas e mais cresce o teu capital. És menos, mas tens mais. Assim todas as paixões e atividades são tragadas pela cobiça. Karl Marx.

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sexta-feira, 26 de junho de 2009

O rosto dele era um mapa geográfico. Mapa físico, cheio de ranhuras. Não era velho - era marcado, lanhado. Quando o vi pela primeira vez senti certa repulsa. Nunca o vi bebendo água, a isso atribuí sua secura. Acordava bebendo qualquer líquido que contivesse álcool. Nunca água. Com nossa convivência fui me acostumando e esse fato tornou-se natural. Habituamo-nos com tudo, ou quase tudo. A casa ficava numa colina, na verdade num declive que chamávamos colina. O aluguel era em conta, podíamos pagar com o que descolávamos nas ruas dando pequenos golpes. À noite o trânsito de pessoas era incontável, acordávamos sempre com gente estranha espalhada pela casa. Nossa vida era levada em meio a bruma da fumaça e dos vestígios de diálogos. Não lembro de grandes conversas. Lembro de grandes olhares, de sensações. As palavras não eram nosso forte. Foi assim até o fim. Sou um sujeito de poucas palavras e ele também o era. Não sei quando nos apaixonamos por ela. Creio que foi no mesmo dia que nos desapaixonamos por nós mesmos. Ela era fatal e deliciosa. Quando a preparávamos, no início, era tão prazeiroso que posso sentir seu gosto ainda hoje. Quando ela nos dominou já não tinha tanta graça assim. Acabou com ele caído ao chão, o arpão no braço e o último papelote dela em cima da estante. Nunca mais senti seu toque.
Com 12 anos eu e uma amiga juntamos nossos trocados, entramos em numa loja de discos e compramos o Thriller. De certa forma mudou nossa vida.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Estávamos na auto-estrada voando num carro que devia ter uns 30 anos de uso. Mas era classudo, um rabo de peixe que em seus dias de glória fizera bonita figura. Eu não ia ao volante. Nunca dirigi. Nunca gostei. Resquícios da forçação de meu pai, um cara que sonhou a metade da vida com um possante que nunca pode pagar. Meu velho é um camarada que nasceu numa dessas cidadezinhas minúsculas do Hemisfério Norte. Quando eu mal tocava nos pedais de um carro ele já me colocava na direção. Pobre diabo, eu nunca quis dirigir. Meus homens sempre o fizeram por mim. Mas nesse dia, corríamos feito loucos pela pista, sem medo nem frescuras. O cara do volante bebia doses em cada gole, eu fumava meu baseado tranquilamente tentando ver a paisagem que passava como em flashes. Concretamente, éramos um bando de desocupados sem culpa de sê-lo. Víviamos com recursos de pensões, pecúlios, etc,.. sem maiores preocupações em ter que garantir o sustento. O que ganhávamos dava pra pagar a bebida, o baseado e meter o pé na estrada. Parávamos somente para comer ou vomitar - incrível como a qualidade da bebida decaiu nesses últimos anos. Passávamos desapercebidos pelas cidades maiores, mas nas pequenas, praticamente éramos atrações de circo. Viajávamos em seis, transávamos entre nós, e com quem nos agradasse pelo caminho. Nunca nos aborrecíamos uns com os outros - havia uma espécie de pacto silencioso de não nos atentarmos com coisas que a maior parte das pessoas se aborreceria: pés sujos, migalhas pelo carro, baganas, falta de banho, bebidas derrubadas,..Não deixávamos que nada nos indispusesse uns com os outros. Você deve estar se perguntando:- Pô ,quem vive assim tão desencanado? Conviver é sinônimo de treta..Mas conosco não. O único pacto implícito era o de que quando começassem os atritos o grupo se separaria. O que ocorreu 13 meses e 21 dias após o início de tudo. Foi num final de tarde alaranjado, cada qual com seu copo na mão..

segunda-feira, 15 de junho de 2009


A praia tinha o mar aberto sem qualquer acidente geográfico, dessas que não podemos olhar por muito tempo com o risco de cair na melancolia. Estava a tostar meu corpo com disciplina, virando a cada 15 minutos - quem pensa que voltar da praia com um bronzeado perfeito é fácil, não conhece essa arte. Estava nessa, quando o perfeito macho latino esticou sua toalha perto de onde eu estava. Ele era muito alto, também tinha um bronzeado disciplinado, o peito era peludo-um bom macho latino tem sempre o peito peludo, os olhos profundos e negros. Eu, usando o livro como escudo, observava o latino peludo entre as páginas. Claro que ele tinha que pavonear-se quando me viu. Levantou, espreguiço-se e tirou seu calção, ficando somente com uma sunga que mais insinuava que escondia. Depois de fazer muito barulho e macaquices para que eu olhasse, ele veio em minha direção: - vamos jogar frescobol? Levantei-me lentamente dando tempo para ele olhar meu corpo milimétricamente. Jogamos bastante até ele me convidar para mergulharmos. Que peludo latino saliente...Me convidava para ir cada vez mais ao fundo. Como era mais alto chegou uma hora que não dava mais pé para mim, estratégia dele para segurar-me dentro d'água. Hummm, a saliência estava dentro de sua sunga. Nos roçamos bastante, ele passou as mãos feito uma enguia por todo meu corpo, quando achei que era tempo de ir nadei rapidamente em direção à praia. Meu latino ficou frustrado mas não tinha o que fazer. Na praia tentou saber se eu estava hospedada ali mesmo, se podia dar o telefone e essas perguntas que os homens fazem para poder dar continuidade ao "encontro". Somente peguei minhas coisas e segui para meu hotel. Chegando lá encontrei meu marido sentado no bar, com um sorriso largo e lindo, típico de um homem de negócios em lua-de-mel com sua deliciosa esposa. Estávamos casados há dois dias. - Divertiu-se na praia querida? - Muito. E selei minha resposta com um beijo cheio de promessas.

domingo, 14 de junho de 2009


Certa vez me apaixonei saindo do trabalho. Como era misterioso o meu amor. Como era sexy o meu amor. Como era moreno e alto o meu amor. Como era desconhecido o meu amor. Trabalhava em frente a uma praça bastante antiga, com aquelas luminárias do XIX, bancos trabalhados e alguns heróis de bronze branindo espadas em cima de seus cavalos. Venho de uma terra de "bravatas e heróis", travadas em nome da "República". E era nessa praça que via, todos os dias, o objeto de meu desejo. O trabalho era muito chato e passava boa parte do expediente pensando nos cinemas, bares e teatros que nós frequentávamos. Imaginava o nosso "namoro" tão vivo e intenso que as vezes ao sair e vê-lo sentado na praça, tinha ímpetos de ir lá acarinhar seu cabelo negro. Teve uma vez que devo ter passado umas 4 horas do plantão que tinha que fazer, às moscas, imaginando nosso namoro, noivado, casamento, filhos e nossas maravilhosas férias, sempre quentes e nada monótonas. Digo com propriedade, podemos viver uma vida em horas, com filhos e tudo mais. Quando achei que já estava ultrapassando os limites da sanidade, resolvi sair dos sonhos e passar mais tempo na tal praça do meu amor. Sentava sempre estratégicamente posicionada, nem tão perto que desse bandeira, nem tão longe que não desse pra ele me ver. O problema é que ele nunca me via. Na verdade ele não via nada, nunca olhava pros lados, sempre fixo em um dos seus grossos livros, sempre. Mesmo quando estava mais quente usava um casaco comprido, que dava a ele um ar vampiresco e misterioso, sempre. Tinha um nariz na proporção exata para seu rosto forte e moreno. A cor da pele era uma coisa a parte de tão linda, era de um moreno acobreado. Só o via do mesmo ângulo, curvado e meio à egípcia, sobre o tal livro grosso, sempre. Como era maravilhoso meu amor, e como eram lindos nossos filhos, como era bom nosso casamento, que homem perfeito. Resolvi adotar uma estratégia para que ele me notasse, passei em uma livraria e comprei o livro mais grosso que vi: O ser e o nada do Sartre. Como sempre, saí do trabalho e me posicionei perto do meu amor. Abri lentamente o livro, fazendo com que o título ficasse visível a ele, afinal meu amor era um amante das letras, eu tinha que mostrar que era uma mulher de bom gosto literário. Minhas pernas bambearam quando vi ele, pela primeira vez, erguer a cabeça em minha direção. Não acreditava, ELE me notara, via que tentava observar o que eu estava lendo, facilitei dando uma levantadinha no livro. De repente ele ergueu-se e caminhou em minha direção. Toda "nossa" vida passou como um flash por minha mente, na verdade "nossa" vida era um flash. Ainda de perna bamba, esperei ele se postar na minha frente, mais alto que um Tótem. O sol refletia em seu rosto e era difícil vê-lo com perfeição. Então aconteceu, ele perguntou: - gostas de Sartre? Nesse momento sua cabeça cobriu o sol e revelou uma boca negra: - ele não tinha dentes. Respondi de pronto: - e lá te interessa se gosto do Sartre?

sábado, 13 de junho de 2009

É luxo só


O relóginho em forma de peixe, que sua irmã dera no Natal, despertava todos os dias às 6 da manhã. A primeira refeição se resumia a pão dormido com manteiga e café fraco-sonhava com os luxos de uma mesa com frutas e presunto. A mulher levantava com ele pra começar a lida do dia. Ele não era desses, como seus colegas da fábrica, que achavam que a mulher ficava em casa à toa. Cuidar dos filhos e da casa não era bolinho, ele lembrava bem do dia que teve que dar conta sozinho de tudo, ficou morto quando deitou à noite. E olha que foi só um diazinho. Enquanto ia mordiscando o pão, a mulher, já pesada depois do 4º filho, arrastava as chinelas pela cozinha, preparando a marmita com as sobras do jantar da noite anterior. Ele não tinha muitos sonhos e luxos, mas pensava nas propagandas que via, dos maridos chegando na cozinha pela manhã abraçando aquela mulher magra, com os cabelos sedosos, esticando os beiços num beijo gostoso. O marido sentava numa mesa colorida de tantas frutas, com duas crianças saudáveis e comportadas- pq as crianças dos ricos eram saudáveis e comportadas?E pq tinham poucas crianças?O café da manhã da propaganda era gostoso, ele nem lembrava a última vez que abraçou e beijou a mulher, isso era coisa do passado. Não tinham tempo pra esses luxos.


Tu é puta ou é santa me perguntou ela. Aquilo ecoou na minha cabeça dias e continua agora, firme, forte e em espirais. Ela tinha um jeito duro e lento de falar, penetrava na gente. Contava , sem traços de auto-piedade, dos abortos que fez em lugares fétidos, das surras e curras que levou- a violação a uma puta é sempre demonstração gratuita de um ódio a liberdade, porque se tens acesso ao corpo não precisas tomá-lo à força. E no meio disso tudo:-tu é puta ou santa? E eu que sei?Ela parecia saber que mulheres como eu buscam desesperadamente serem livres no que diz respeito ao sexo. Vocês não querem machos dominadores, mas querem conforto pra levar a vida. Não querem dar satisfação mas querem viagem pra Europa, querem ter liberdade mas com uma jóia no dedo. A mulher era dura e lenta.Liberdade ou segurança?Puta ou santa?Me disse que tinha medo de drogas e bebida. Depois de 5 overdoses e de um princípio de cirrose ficou ressabiada, mas nada que allterasse sua vida.Tem marcas e cicatrizes pela delimitação territorialista de sua área de trabalho, principalmente com as travecas. Tem que ser forte - bater mesmo senão as vecas levam o ponto, não gosto delas. Depois me conta que uma de suas melhores confidentes é uma..Perto das suas experiências, todas minhas dúvidas e experiências eram por demais infantis, burguesas e até saudáveis.Sair com um homem transar enlouquecidamente com ele e ficar triste pq ele não liga no dia seguinte é ser puta? Não, puta é bem mais livre que isso. A pergunta dela puta/santa, me fez pensar que mulher mediana acredita na balela:sou bem sucedida, tenho o corpinho em dia agora só falta o machinho adequado pra babar em mim. Essa mulher que diz querer curtir sua vida sem amarras e tabus, mas não suporta que o homem não ligue ou não diga que ela é maravilhosa, nada mais é do que a Amélia com grana no bolso. A puta é muito mais livre e honesta do que a média/mediana que dá pro seu parceiro pq se acomodou e diz -não tá lá essas coisas mas tá bom assim, pq pelo menos tenho alguém..Ela disse que me reconheceu de imediato como puta, mesmo de óculos, livro na mão e pagando minha própria bebida. A pergunta puta/santa foi pra sacanear e completou de saída -eu sou puta, tu é só uma ameaça, um arremedo.

quarta-feira, 10 de junho de 2009



Nei Lisboa: bar de mulheres.

Que segredo escondes
Em teus lares de modernas
Entre pernas de arlequins
Nesses pares de malucas
Por tabernas de sinuca e gim

Que perigo aponta
O teu cigarro lá no céu
Será que encerras minha conta
Ou que anuncias às demais
Que eu já desmaio e clamo por meus sais

Por que farejo alguma coisa ruim?
Viés de algum desastre
Caminho para o fim
De sermos seres separados e afins
Já és Simone e Sartre
E não precisas mais de mim

Decididamente
Enlouqueceste o meu discurso
De confuso já pequeno
Ou tens um parafuso a mais
Ou eu um membro a menos que os normais

Que falo se me falas depois
Que és ambos os pais
E eu resto para os bois
Quem disse que existimos iguais
Se amas por nós dois
De mim já não precisas mais


terça-feira, 2 de junho de 2009

O Elixir do pajé



O poema abaixo é de um dos expoentes do romantismo brasileiro. Vale a pena ler até o final. O autor de A Escrava Isaura e O Seminarista, Bernardo Guimarães também ofertou-nos com farta e fértil literatura erótica(?).

Que tens, caralho, que pesar te oprime
que assim te vejo murcho e cabisbaixo
sumido entre essa basta pentelheira,
mole, caindo pela perna abaixo?

Nessa postura merencória e triste
para trás tanto vergas o focinho,
que eu cuido vais beijar, lá no traseiro,
teu sórdido vizinho!

Que é feito desses tempos gloriosos
em que erguias as guelras inflamadas,
na barriga me dando de contínuo
tremendas cabeçadas?

Qual hidra furiosa, o colo alçando,
co'a sanguinosa crista açoita os mares,
e sustos derramando
por terras e por mares,
aqui e além atira mortais botes,
dando o co'a cauda horríveis piparotes,
assim tu, ó caralho,
erguendo o teu vermelho cabeçalho,
faminto e arquejante,
dando em vão rabanadas pelo espaço,
pedias um cabaço!

Um cabaço! Que era este o único esforço,
única empresa digna de teus brios;
porque surradas conas e punhetas
são ilusões, são petas,
só dignas de caralhos doentios.

Quem extinguiu-te assim o entusiasmo?
Quem sepultou-te nesse vil marasmo?
Acaso pra teu tormento,
indefluxou-te algum esquentamento?
Ou em pífias estéreis te cansaste,
ficando reduzido a inútil traste?
Porventura do tempo a destra irada
quebrou-te as forças, envergou-te o colo,
e assim deixou-te pálido e pendente,
olhando para o solo,
bem como inútil lâmpada apagada
entre duas colunas pendurada?

Caralho sem tensão é fruta chocha,
sem gosto nem cherume,
lingüiça com bolor, banana podre,
é lampião sem lume
teta que não dá leite,
balão sem gás, candeia sem azeite.

Porém não é tempo ainda
de esmorecer,
pois que teu mal ainda pode
alívio ter.

Sus, ó caralho meu, não desanimes,
que ainda novos combates e vitórias
e mil brilhantes glórias
a ti reserva o fornicante Marte,
que tudo vencer pode co'engenho e arte.

Eis um santo elixir miraculoso
que vem de longes terras,
transpondo montes, serras,
e a mim chegou por modo misterioso.

Um pajé sem tesão, um nigromante
das matas de Goiás,
sentindo-se incapaz
de bem cumprir a lei do matrimônio,
foi ter com o demônio,
a lhe pedir conselho
para dar-lhe vigor ao aparelho,
que já de encarquilhado,
de velho e de cansado,
quase se lhe sumia entre o pentelho.
À meia-noite, à luz da lua nova,
co'os manitós falando em uma cova,
compôs esta triaga
de plantas cabalísticas colhidas,
por sua próprias mãos às escondidas.

Esse velho pajé de pica mole,
com uma gota desse feitiço,
sentiu de novo renascer os brios
de seu velho chouriço!

E ao som das inúbias,
ao som do boré,
na taba ou na brenha,
deitado ou de pé,
no macho ou na fêmea
de noite ou de dia,
fodendo se via
o velho pajé!

Se acaso ecoando
na mata sombria,
medonho se ouvia
o som do boré
dizendo: "Guerreiros,
ó vinde ligeiros,
que à guerra vos chama
feroz aimoré",
- assim respondia
o velho pajé,
brandindo o caralho,
batendo co'o pé:
- Mas neste trabalho,
dizei, minha gente,
quem é mais valente,
mais forte quem é?
Quem vibra o marzapo
com mais valentia?
Quem conas enfia
com tanta destreza?
Quem fura cabaços
com gentileza?"

E ao som das inúbias,
ao som do boré,
na taba ou na brenha,
deitado ou de pé,
no macho ou na fêmea,
fodia o pajé.

Se a inúbia soando
por vales e outeiros,
à deusa sagrada
chamava os guerreiros,
de noite ou de dia,
ninguém jamais via
o velho pajé,
que sempre fodia
na taba na brenha,
no macho ou na fêmea,
deitando ou de pé,
e o duro marzapo,
que sempre fodia,
qual rijo tacape
a nada cedia!

Vassouras terrível
dos cus indianos,
por anos e anos,
fodendo passou,
levando de rojo
donzelas e putas,
no seio das grutas
fodendo acabou!
E com sua morte
milhares de gretas
fazendo punhetas
saudosas deixou...

Feliz caralho meu, exulta, exulta!
Tu que aos conos fizeste guerra viva,
e nas guerras de amor criaste calos,
eleva a fronte altiva;
em triunfo sacode hoje os badalos;
alimpa esse bolor, lava essa cara,
que a Deusa dos amores,
já pródiga em favores
hoje novos triunfos te prepara,
graças ao santo elixir
que herdei do pajé bandalho,
vai hoje ficar em pé
o meu cansado caralho!

Sus, caralho! Este elixir
ao combate hoje tem chama
e de novo ardor te inflama
para as campanhas do amor!
Não mais ficará à-toa,
nesta indolência tamanha,
criando teias de aranha,
cobrindo-te de bolor...


Este elixir milagroso,
o maior mimo na terra,
em uma só gota encerra
quinze dias de tesão...
Do macróbio centenário
ao esquecido mazarpo,
que já mole como um trapo,
nas pernas balança em vão,
dá tal força e valentia
que só com uma estocada
põe a porta escancarada
do mais rebelde cabaço,
e pode em cento de fêmeas
foder de fio a pavio,
sem nunca sentir cansaço...

Eu te adoro, água divina,
santo elixir da tesão,
eu te dou meu coração,
eu te entrego a minha porra!
Faze que ela, sempre tesa,
e em tesão sempre crescendo,
sem cessar viva fodendo,
até que fodendo morra!