Quanto menos comes, bebes, compras livros e vais ao teatro, pensas, amas, teorizas, cantas, sofres, praticas esporte, mais economizas e mais cresce o teu capital. És menos, mas tens mais. Assim todas as paixões e atividades são tragadas pela cobiça. Karl Marx.

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quinta-feira, 18 de setembro de 2008


Na onda dos bichitz, hoje vou falar um pouquito do Saidi, o cachorro da minha mãe..quer dizer, cachorro pra quem vê né, pq pra ele, ele é humano...Tem um monte de gente que fala disso de alguns bichos mas o Saidi eu garanto, e vários veterinários também, ele tem certeza que é. Minha mãe mimou tanto que estragou o bicho, tanto que ela não pode nem ir na esquina sem ele que os uivos são ouvidos longe..ir visitar alguém só se for de carro-ele tem seu lugar marcado no banco da frente- e ouse pegar...Pq que avião ele não gosta além de custar caro, ele é pesado...Ele implica muito com o meu Ivan do post abaixo, se o Ivan volta de madrugada pra casa e mi na porta para abrirmos o Saidi coloca seu orelhão de Cocker na porta, escuta e não nos chama para abir, já que para ele o Ivan merecia ficar ao relento...O Saidi tava tão maluquinho que até num homeopata canino minha mãe levou...sem sucesso...Buenas, se apelou pra alopatia pesada, ele foi por uns 6 meses o cão Lexotan, tomava o tarja preta...Ele acha que é o filho da minha mãe e o ciúme é tão grande que ele só respeita quem é da "família", os manos - eu e meu irmão- e minha cunhada, o resto...bah!Inimigos até que se prove o contrário. AH!!!!O Saidi, é uma figuraça!Nasceram por estes dias lindos filhotinhos dele...mas, infelizmente ele não considerou da família, pareceram a ele muito, muito...caninos.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Meu Iiiiivaaannn!!!


Sempre gostei de animais. Principalmente gatos, e sempre enchi o saco do meu pai pra poder ter um...O meu 1º gato foi a contragosto, já que meu pai não deixou ter, mas eu - penalizada com um pequeno peludinho de rua - o trouxe pra casa. Ele tava tão debilitado que o pai afrouxou as rédeas e deixou ele ficar...Depois desse gatinho tive outros animais, mas esse post é pra falar do gato mais patife que tive (tenho), O Ivan. Foi em 2002 que ele foi lá pra casa. Um amigo, o Henris - outro apreciador dos felinos - já tava me aporrinhando há tempos pra que eu adotasse um gatinho, e eu que sempre fui "gateira" tava resistente, dizia que tinha pouco espaço, que manter um bichinho bem cuidado era caro e blá blá blá.. Buenas o Henris descolou um uruguaio que mantinha uma ONG que cuidava de bichos de rua, e numa tarde bonita me levou pro Bomfim pra que eu conhecesse meu gatinho...Ah, o bandido do Henris sabia que quando eu visse o meu Ivan eu levaria ele na hora. Dito e feito! O 1º dia do Ivan lá em casa foi um inferrrnooo, ele era muito novinho e miou a metade da noite até eu pegar o patifinho, colocar no colo e ficar coçando as orelhinhas... Ah! E eu tinha a prova mais importante da minha vida na manhã seguinte...Acho que ele deu sorte. Desse dia em diante tornou-se o dono da casa..Mas as indas e vindas da vida fazem com que tenhamos que fazer escolhas e eu tive que levar meu Ivan para a casa de minha mãe. Hoje ele não é mais um gatinho de apartamento, corre solto pelas ruas do litoral, assusta os passarinhos, saltita pela areia e ainda tem a petulância de encarar os cachorrões mais ferozes..Meu Ivan -sim ele é meu ainda rsrsrs- é um gatinho muito feliz, vê-se no seu semblante fofinho. Vai fazer 6 anos o meu bichiiinhooo...

terça-feira, 16 de setembro de 2008


Morreu o Richard Wright tecladista do Pink Floyd. Bah! o tecladinho dele dava um tom de psicodelia nas músicas que arrepia até hoje...Até hoje também foi o melhor show que vi. Tudo bem, do Pink mesmo só tava o Waters, mas pô a essencia tava lá e a produção era massa! Vixi, Poa não tava acostumada com aquilo. Mas enfim, os fósseis do progressivo aos pouquitos tão "indo"...O que eu espero é lembrar por muiito tempo as sessões da meia noite do Baltimore, onde nos abarrotávamos até pelo chão para poder assistir ao The Wall. Quando o filme começava até quem não fumava já estava chapado, sim pq nas sessões da meia noite podia-se sentar no chão, beber, fumar, ...ahhh, hoje nem mais cinema de calçada tem..Mas o The Wall na tela, naquele clima....Bah!Morreu o Wright...



Tô curtindo o blog, acho que é pq sempre gostei de diários...A humanidade ama uma fofoca, um segredo, e o diário é um espetáculo do privado, onde fofoquinhas e segredinhos borbulham...O primeiro livro "sério" que lembro de ter lido foi Clarissa. Como muitas meninas fui obrigada a fazer ficha de leitura desse delicado livro do Érico Verissimo...Ah! Clarissa abriu uma janela pra mim naqueles tempos...janela da qual defenestrei-me para o abismo da fantasia. A obrigação que a professora me impôs ao "fichar" o livro transformou-se no mais belo brinquedo. O livro, em forma de diário, tinha o intimismo necessário para envolver uma menina de 9 anos com as aventuras de uma de 13. Era a história de uma menina vivendo na década de 30 e 50 anos nos separavam, mas as descobertas, as dúvidas, os anseios que eu lia no diário de Clarissa, eram as minhas também. Claaaaro que também comecei meu diário e com ele o exercício da escrita.

Depois veio a Claudine, menina de 15 anos, que contava coisas mais "picantes" em seu diário. Colette colocava na boca de sua personagem diabruras mil, e eu amava cada uma delas...Todos os livros da série Claudine utilizavam o recurso do diário, é como se entrassemos na mente do personagem, descobrindo os reconditos mais luminosos e mais sombrios de sua mente. Esse é um tipo de literatura que me marcou profundamente. Entre os 9 e 10 anos conhecer Érico e Colette de uma só vez e ainda por cima ler seus personagens por diários, foi muita sorte!! Mas voltando, acho que é por isso que tô curtindo esse blog, além de voltar a exercitar (mal) a escrita, também relembro os diários da infância...

sábado, 13 de setembro de 2008

Meus ancestrais eram nobres

As histórias que minha avó Helena lembrava da colônia meio que permeiam o imaginário de vários colonos, posto que depois fui em busca de literatura sobre o tema e uma das histórias era recorrente: a da criança que ia engatinhando até o chiqueiro e era devorada pelos porcos. Seria lenda da colônia?Pode ser, pela recorrência em que ela aparece, mas também pode ter ocorrido em várias famílias, já que os porcos eram uma das bases da alimentação dos italianos, haviam muitos e as crianças também nasciam em profusão para poder servir mais tarde na lida da agricultura. Muitas crianças curiosas, poucos adultos atentos e muitos porcos famintos...talvez não fosse lenda. Vó Helena garantia que não...todos que contam garantem. Como a história do cara que acorda na banheira sem os rins....Bueno, voltando.. essa construção que aparece no post abaixo era típica das colônias, sempre de madeira, com avarandado e alpendre e nunca faltava o porão, onde era feito o vinho, queijo e outras iguarias. A região em que meus avós nasceram no sul do Brasil -Alto Taquari- é belíssima, mas cheia de acidentes geográficos, abrir picadas ali no início da colonização não deve ter sido fácil. O que os contratantes da imigração prometiam na Itália, transformava-se em pesadelo logo que chegavam e eram "depositados" em estalagens. As terras eram em declives e para se chegar ao seu lote, quase uma busca pelo santo graal. Muitos enlouqueceram, viraram alcólatras, suicidaram-se...mas aos poucos os que ficaram foram "domando" a terra, nos declives plantaram uvas, dos parreirais fizeram o vinho que hoje é um dos mais apreciados no Brasil e no mundo. Meus avós, ao contrário da maioria dos ascendentes de italianos, saíram da colônia em direção à capital do estado. Queriam dar estudo aos filhos. Coisa rara, naquela colônia na década de 40. Eu e meu irmão fomos os 1ºs dos Bosi a nascer na capital. Meus avós conseguiram formar os filhos em Universidade Federal, não queriam que tivessem o trabalho árduo na terra. Quem me diz que não foram nobres?Quem me diz?

Lá no sul muitas famílias que hoje buscam as raízes de seus antepassados, quase sempre estão querendo tirar a dupla cidadania. Motivos pouco nobres?Talvez, ou somente falta de perspectiva no Brasil...Buenas, trabalhei no Arquivo Histórico do RS, onde estão depositados vários documentos-o que sobrou-referentes a imigração européia no estado. A saber, as 1ªs levas oficiais de alemães chegaram em 1824 e de italianos 1875. O que achava engraçado quando atendia os caçadores de parentes perdidos,- assim os chamávamos carinhosamente, é que muitos estufavam o peito para dizer : meu antepassado era duque; - fulano era nobre, e por aí ia...Oras, imigrantes europeus no Séc. XIX que vinham para as Américas, em particular para o Brasil, em navios abarrotados sem as mínimas condições, lá iriam se tocar de sua terra "nobre" para aventurar-se em mazelas por terras desconhecidas? Mas claro que não éramos grosseiros ao ponto de destruir as fantasias heráldicas dos consulentes que lá iam buscar suas origens ou seus passaportes para a CEI. O que sei é que por viver um cotidiano de buscas pelos antepassados dos outros, interessei-me pelos meus...Eram nobres também...Nobreza por terem largado suas famílias na região do Veneto com poucos caraminguás nos bolsos e rumado ao desconhecido. Não podemos esquecer que a Itália desde o Congresso de Viena de 1814, dividiu a atual região da Itália em oito estados independentes, sendo que alguns deles eram controlados pela Áustria, - caso dos meus antepassados. Essa questão da unificação da Itália só iria se resolver em 1929...Portanto eles fugiam de um problemasso político além da falta de terra para plantar....As propagandas da imigração eram sedutoras, rios de leite e mel corriam na nova terra...Antes de pesquisar em documentos tive uma conversa com minha avó, que nunca tinha tido, o que ela lembrava de sua vida na colônia italiana no sul do Brasil?Minha primeira surpresa foi saber que seu nome de solteira era Palmichel, logo, alemão. Como então ela era minha nona?Legítima mama italiana que alimentava a todos de carne e espírito?Bom a colônia italiana em que ela nasceu era ao lado da dos alemães. Sua mãe era italiana, minha bisa Páscoa que chegou com quase 2 anos no Brasil em 1891...A bisa Páscoa casou com um Palmichel da colônia alemã e fez-se a junção das etnias...Deles nasceram entre outros filhos minha nona Helena -lindo nome como ela, que casou com um italiano mesmo, bem novinha aos moldes da colônia.. Nasciam assim os 1ºs Paumichel/Bosi. Aff, ia contar histórinhas sobre as colônias e tô falando de minha genealogia, que chata! hahahah. Então paro por aqui e amanhã tem mais.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008


Acordei pensando na minha linda Colette...Outro dia falo dela,nela...Nessa foto está vestida de um personagem, aquele que mais marcou minha adolescência: Claudine. O cão é o buldogue Toby que entrou em uma de suas histórias como o cão-resistência de uma mulher frágil que cresce absurdamente no decorrer da história...

Bombril e Borregard


Piazita ainda, ficava indignada quando apareciam na tv aquelas linhas verticais. Pô duma hora pra outra ficava sem a mulher maravilha, a mulher biônica, as panteras, a corrida maluca, o Utraseven,..Bah! Aquele arremedo de zebra estragava meu dia. Então gritava pro pai: Arruma a tv!! Ele vinha, com sua calma peculiar, e se fosse só um chuvisco ajeitava ou trocava o bombril e seguia o baile..Agora, se fossem as tais linhas ele dizia um enigmático - é lá, é lá. Porra!Lá aonde eu pensava. Não possuia a abstração necessária pra concatenar que o "é lá" era a torre da TV que ficava no morro Santa Tereza, que abriga os estúdios de rádio e televisão até hoje. Muito menos os adultos perdiam tempo, há 30 anos atrás, em explicações mais "rebucadas" com as crianças. Sapecar um - é lá, tava de bom tamanho. Só que teve seu preço, uma bela manhã peguei a chave de fenda dele e abri a tv, pra mim o é lá era lá...

Outro grande mistério da infância tem a ver com cheiro. Até o final dos anos 70, comecito dos 80, um cheiro horrível invadia a cidade em algumas horas do dia. Lá vinha a pergunta: -Que cheiro é esse? - É a Borregard guria!

Nunca me atrevi a perguntar o que era a tal, mas pelo cheiro imaginava um monstro, como os dos seriados do Ultraman, bem gosmento, horroroso e muito fedorento. Cresci com aquele cheiro e num é que estava certa! A tal Borregard era um monstro: uma multinacional francesa de celulose que se instalou na cidade na década de 60 e o cheiro fazia parte do pacote dos dejetos químicos que eles largaram por 20 no nosso lindo Guaíba. Trocamos uns monstros por outros...

Bombril e Borregard



Piazita ainda ficava intrigadíssima com as linhas verticais que corriam na televisão..Pô duma hora pra outra aquele arremedo de zebra tirava do ar a mulher maravilha, as panteras, a corrida maluca, o ultraseven.Grtava pro pai: arruma a TV!! Se fosse só um chuvisco ele colocava, ou trocava o bombril de posição, já se fossem as tais linhas ele dizia: É lá, é lá....Porra, lá aonde eu pensava. Era difícil abstrair que esse lá era a torre de transmissão do morro Santa Tereza onde até hoje ficam os estúdios de TV. Até pq, há 30 anos atrás os pais não perdiam muito tempo com explicações mais "apuradas"para as crianças um é lá bastava.


Buenas, mas esse -é lá, não me conformou e numa belamanhã abri a Tv com a chave de fenda dele-oras, achei que o "lá" era lá dentro...Levei a maior coça ahahaha.


Lembro também de outra resposta do pai pra mais um grande mistério da infância. Até o final dos anos 70, talvez comecito dos 80, um cheio insuportável tomava conta da cidade. Eu, sempre perguntava a mesma coisa e sempre recebia a mesma resposta. -Que cheiro é esse? -É a Borregard, ele dizia. Nossa era um cheiro tão, tão...de podre, que imaginava a tal borregard igualzinha a um dos monstros do Ultraman, terrível, gosmento e muito fedorento. Cresci e num é que a tal Borregard era um monstro mesmo?Uma multinacional francesa que instalou-se na cidade na décadade 60 e durante 20 anos jogou seus dejetos químicos em nosso lindo Guaíba. O cheiro era esse e a herança deixada tá lá até hoje...Substituímos uns monstros pelos outros.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Foto histórica do neguinho do Vespúcio.


Essa daí foi numa das vezes que o Vespúcio mandou o neguinho às compras. Bah! Corria esse neguinho, dia todo...

Neguinho do Vespúcio.

Tem uma expressão lá no sul que designa aquele que é tirado pra "courinho". Chamam o cara que é mandado a fazer "de um tudo": comprar, buscar algo, limpar alguma coisa, etc.. de Neguinho do Vespúcio.
A vó Mena da Cris é que usava muito a dita expressão: "fulano é o neguinho do Vespúcio". A expressão deve ter se originado nas Estâncias de lá. Em tempos de escravidão, os piás negros que moravam na Casa Grande (Estância) e eram crias da casa - daí a expressão: criadas(os), eram mandados a fazer as mais diversas tarefas: -Vai lá na Estância do Jarau buscar a cachaça que cumpadre prometeu...-Vai na venda da cidade pegar os mantimentos...-Sela o pingo que vou sair...E daí por diante. Um desses negro tinha um dono com o nome de Vespúcio e batizou-se assim o dito.
Quantas vezes por dia a gente se sente o neguinho do Vespúcio?Bah! As vezes zilhares.
Oigalê!!
Desobedeça!!Não seja mandalhete de ninguém!!!!!

É uma cachaça esse blog

Pô resisti anos pra fazer um troço desses e passei o dia pensando em postar algo...acho que é pq é o 1º dia e tal....A Reichel participou de um programa de rádio com perguntas sobre Fórmula I, bah! ela que saca tudo de automobilismo se deu mal...negativou os pontos...mas como o carinha que comanda o programa não ouviu bem uma das respostas e deu como incorreta, os ouvintes postaram muitas msgs no blog, e Reichel recebeu mais ibope que o pinta que tá em 1º na competição.ahahahah. É Raquel de Lima do Braaasillll. Terminamos a 1ª parte da infindável cronologia dos Diários Associados.. Aliás, se alguém ler esse blog e tiver informações - confiáveis, por suposto - sobre o grupo Diários Associados, escreva!!!
Um pouquito do Dicionário impreciso de Porto-Alegrês do Luis Augusto Fischer. Verbetes com a letra A.
Muitos dos termos desse dicionário, andam pelo estado, etc., mas para começar é preciso deixar claro que não é um dicionário de gauchês, outra língua. Por outro lado: os termos ali consignados não são necessariamente criados em Porto Alegre. Alguns circulam por outras partes do país. Isso quer dizer, dizendo de outro modo, que "eu não quero fazer um dicionário tipo pra turista (mesmo porque não tem turista em Porto Alegre...), mas um dicionário para, em última análise, nós mesmos, isto é, para oferecer um espelho pra nós. Deu pra entender?"


ABANAR AS TRANÇAS
Costuma-se usar a expressão em referência a gente jovem, em especial moças, que saem por aí, abanando as tranças, isto é, fazendo coisas livremente, irresponsavelmente. Claro que não precisa ter trança mesmo para dar origem ao uso.
ABOBADO
Trata-se de um insulto muito usado contra os xaropes (v.) em geral; comporta variações: "abobado da enchente", alguns dizem que devido à famosa enchente de 1941, quando Porto Alegre submergiu; "abobado da tiriça" (v. "na tiriça"), expressão que pode ser derivada de icterícia.
ABOSTAR
Descansar, relaxar-se, aplastar-se, deixar-se ficar, afrouxar, arriar (v.). Terá surgido por analogia com a situação da bosta, que quando expelida do corpo de um animal fica ali, daquele jeito? O estado de quem fica abostando se chama de abostamento. Mas também se usa para insultar alguém que não se liga, que não presta atenção: é o abostado. Verbo de largo uso, não tem necessariamente sentido de reprovação; é, porém, insultuoso chamar alguém de abostado, que equivale a burro, matusco, bocó, mocorongo (v.); a palavra abostamento me parece ser usada com sentido positivo, de relaxamento, e não de reprovação.
ABRAÇO
Além de significar o abraço propriamente dito, significa outra coisa: costuma dizer-se que, se a tarefa estiver parecendo de fácil execução, "vai ser um abraço".
ABRÃO
O Geraldo Flach disse que se usa a palavra para designar o sortudo, o rabudo, que tem o orifício anal (metaforicamente, por certo) muito aberto. Deve ter surgido como derivação do uso de "cu" como sinônimo de rabo, ou melhor, sorte.
ABRIR
Sair fora, cair fora: comum no convite que se faz, quando parece estar na hora de sair do lugar, "Vamo abrir?". Mais raramente, fugir. "Abrir o tarro" significa chorar, berrar, reclamar. "Abrir a goela" ou "os peitos" quer dizer cantar. "Abrir o jogo" é sinônimo de falar às claras, desvendar implícitos. Diferente de "se abrir" (v.).
ACABAR
Atingir o orgasmo. Também usado pronominalmente, "se acabar".
AÇO
Se algo "está que é um aço", é porque está no melhor de sua forma, está na ponta dos cascos (v.). Por outro lado, -aço é um sufixo muito produtivo na língua do local, significando a designação do ato ou efeito daquilo que a palavra-matriz indica, como guampaço, braguetaço (v.), relhaço, fundaço, etc.
A DAR COM PAU
Em grande quantidade, muito, fartamente. O mesmo que "a três por dois" (v.): "Tinha gente a dar com pau".
ADEUS, TIA CHICA
Forma de declarar que deu pra bolinha (v.) do que quer que seja, definitivamente, para nunca mais. "Se a gente conseguir a grana, aí adeus, tia chica", por exemplo. Pode ser usada como comentário tanto de horrores como de maravilhas.
ADIANTO
Vantagem, ganho, avanço. Algo que se consegue intermediariamente, na direção de um objetivo maior, é um adianto. Correlato do verbo "se adiantar" (v.). Uma coisa ou um gesto é um adianto se serve para abreviar o caminho que se precisa percorrer até o objetivo final; se o cara precisa de cinco mil e ganha mil, "já é um adianto".
ADMIRAR-SE
Verbo usado com certo conteúdo de desdém ou desaprovação ou ainda de relativa surpresa: "Me admira tu te incomodar com isso" diz quem quer significar que ou o interlocutor não se ocuparia habitualmente de tal coisa, daí o espanto, ou a coisa não vale a preocupação. Como todo verbo com pronome em porto-alegrês, nunca se usa a colocação posterior do pronome, só a anterior.
A FAZER
O que é a fazer é algo que sem dúvida está sendo levado a sério; no futebol, por exemplo, se o beque entra a fazer entra para o que der e vier, para quebrar, para, exagerando um pouco, matar ou morrer; também se diz "a morrer", no mesmo sentido; sinônimo: "às ganhas"; ver o oposto, "a não fazer".
A-FIM
Não confundir com afim. "Estar a-fim", que estou grafando com hífen, quer dizer estar disposto a, seja lá o que for que esteja em causa: "As gurias tão tri a-fim", como diz a famosa canção Deu pra ti, do Kleiton e do Kledir.
AFROUXAR O GARRÃO
Levar medo, desistir da empreitada, tremer na base (v.) ou a perna (v.); origem óbvia no campo, do animal que, ao afrouxar o garrão, perde o impulso ou a força ou a posição; aliás, garrão designa pejorativamente o pé.
A FU
Ver a fuder.
A FUDER
Pela ortografia brasileira deveria grafar-se "a foder", mas é "a fuder" a expresão, que tem uma forma contrata, "a fu", que também se diz, malandramente segundo o critério popular, "a fuzel"; designa aquilo que é muito bom, de alta qualidade, tanto uma situação ("Tava uma festa a fuder") quanto um sujeito ("Bá, esse cara é a fuder"); também quer dizer a fazer (v.).
A FUZEL
Ver a fuder.
AGUACEIRO
Grande quantidade de água, especialmente em chuvas fortes e parelhas. Também dito aguaçal, no mesmo sentido.

Saudação corrente: o cara enxerga o conhecido e simplesmente diz "Aí", com o i bem espichado e ligeiramente anasalado, eventualmente com leve entonação interrogativa, algo como "aíiiããn?". Pode acontecer também a saudação muito mais formal, "E aí?", significando "Como é que vão as coisas contigo, tudo bem?". Pode ser também usada em composição, "E aí? Valeu?" (v.).
(AL
Sufixo dos mais produtivos no porto-alegrês, para designar grande quantidade de algo: mulheral, aguaçal, dinheiral (mais comumente dito dinheirama), etc. Por derivação, provável, do uso corrente na vida interiorana, como milharal, lamaçal.
Á LA MERDA!
Não sei se a grafia é a melhor. O "a" inicial é continuado, dito com ênfase, e o "la" aquele não sei como terá nascido, certamente do espanhol. O conjunto da expressão é uma interjeição de desagrado, de desabafo, de alívio. Comporta variações, como "Ô la merda", "U la merda" e outras. Igual, em significado, à exclamação "Puta que o pariu", também dito apocopadamente como "uta", seguido de "merda" não.
ALERTAR OS GANSOS
Expressão que designa o despertar da consciência de alguém para algo que se desejaria que se mantivesse incógnito. Por exemplo: "Cuida pra não alertar os gansos" pode ser dito por alguém para um amigo que estava a ponto de dar pista sobre algo de muito bom que está pintando mas que deve ser de conhecimento de poucos.
AMORCEGAR
Retardar (o jogo, o serviço) deliberadamente, para ganhar tempo ou para irritar o adversário: "Contratei o cara para ele fazer a calçada mas ele ficava amorcegando tanto que eu resolvi fazer eu mesmo o serviço".
A NÃO FAZER
Algo que é "a não fazer" é algo que foi feito com a deliberada mas escondida intenção de não chegar ao resultado obviamente esperado; por exemplo, um time que joga a não fazer está visivelmente tirando o pé das divididas, levando medo, em suma não está jogando com a seriedade que se espera de um time.
ANDAÇO
Seqüência de alguma coisa, ocorrência repetida de algo. "Deu um andaço de sarampo" é o mesmo que epidemia. Por extensão se aplica a qualquer coisa: "Deu um andaço de casamento" significa que muita gente resolveu se casar, num curto espaço de tempo. Ver "miudinha".
A PERIGO
Estar "a perigo" é o mesmo que estar "na unha": em situação-limite, nas últimas, matando cachorro a grito.
APERTAR
Usa-se dizer que alguém apertou quando teve sensação de medo, e por isso contraiu os esfíncteres (se é que eles são mais de um). Em forma chula, "apertar o cu". V. "fechar a rosca".
APITAR
Sinônimo de mandar, ser ouvido, fazer-se ouvir; o uso mais comum é pra designar o sujeito que quer demonstrar importância sem ter nenhuma, dele se podendo dizer que "não apita nada".
A PONTA DE FACA
Expressão que designa a atitude espiritual de alguém que leva as coisas duramente, sem concessões, sem meios-tons; esta criatura leva tudo "a ponta de faca". Há gente que leva as coisas a ponta de faca, isto é, toma as palavras literalmente, ou não tem qualquer tolerância, por aí.
APURADO
A gente se sente, às vezes, apurado para ir ao banheiro, especificamente, mas também para atender a algum compromisso. Vem direto do espanhol de uso popular, "apuro" como sinônimo de pressa.
ARARA
"Ficar uma arara" é o mesmo que envaretar (v.), ficar uma piça (v.), ficar puto (v.): ficar muito irado, brabo, etc.
A RODO
O mesmo que "a varrer" (v.): em grande quantidade.
ARREMANGAR
Arregaçar as mangas, termo vindo direto do espanhol. Há um dito bravateiro, "Te arremanga e vem", pronunciado como provocação a um interlocutor que hesita em entrar na briga ou na tarefa.
ARROLHAR
Diz-se "arroiar", sempre, e sempre querendo dizer levar medo, isto é, ter medo, acovardar-se, fugir da briga ou do enfrentamento. Curioso que de primeiro (v.) o verbo significava ativamente derrotar o inimigo, mas ficou hoje como semelhante ao contrário, ser derrotado.
ÀS BRINCAS
O contrário de "às ganhas" (v.): trata-se de um jogo em que as apostas não serão consumadas, em que ninguém vai cobrar do perdedor, em que ninguém apanhará de verdade, etc. É do universo da bolinha de gude (v.), em primeiro lugar.
ÀS GANHAS
O contrário de "às brincas"; designa a aceitação de que as regras combinadas ou tácitas são pra valer mesmo, e se alguém perder no jogo algumas bolinhas do gude elas serão de fato transferidas de dono; o uso da expressão, no universo infantil, em geral vem acompanhado de uma seriedade inaudita, e todos se compenetram disso.
ASSIM, Ó
Expressão que preludia a explicação de algo: "Assim, ó: tu pega aqui na tua direita, segue duas quadras e tu vai sair bem lá perto". Também usada apenas como ameaço: sujeito que queira demonstrar seu desapreço, seu desacorçôo com algo que lhe foi dito, comenta apenas "Assim, ó", podendo acrescentar "tô de cara com essa pinta".
ASSO NO DEDO
Curiosa expressão usada em situações de desafio: quando alguém garante a veracidade de alguma afirmação ou duvida radicalmente da veracidade de alguma (este o caso mais comum), proclama: "asso no dedo" (como isso é verdade/como isso é mentira/se isso for verdade). Parece ter nascido em analogia bravateira com o churrasco: como se o cara que fala a expressão estivesse disposto a fazer seu próprio dedo servir de espeto para assar a carne da afirmativa.
ATACAÇÃO
Estado alterado da mente e/ou do sentimento. Mães, por exemplo, ficam numa atacação quando tentam impor certa ordem e não conseguem sucesso.
ATÉ DIZER CHEGA
Até o limite imaginável: "Beberam ontem até dizer chega".
ATÉ O CHICO CHEGAR DE BAIXO
Dito gracioso (pelo som) para dizer a mesma coisa que "até o cu fazer bico" e "até dizer chega".
ATÉ O CU FAZER BICO
De origem que nem consigo imaginar, significa até um limite inimaginável, até o limite do suportável, até o fim; para as crianças, há quem diga um trocadilho, até o bi fazer cuco.
A TODA
Rapidamente, velozmente, com toda a velocidade possível.
ATRAVESSADO
Condição de algo que não foi muito bem digerido, real ou metaforicamente: "Tô com o Fulano atravessado aqui", e aponta para a garganta, pondo toda a mão em pala encostada no pescoço, junto à base do papo.
A TRÊS POR DOIS
Também dito "a três por quatro", no mesmo sentido: abundantemente, fartamente, continuadamente, em grandes proporções, etc. O mesmo que "a dar com pau" (v.).
A TROCO?
O mesmo sentido de "por quê?", "para quê?", "por causa de quê?". Derivou, por encolhimento óbvio, da expressão "a troco de que santo?". É usada assim mesmo, a seco: "Tu quer que eu vá lá? A troco?".
AUTO
Termo corrente para designar o deus do século, o automóvel, também dito carro. Aqui e na região da Grandíssima Porto Alegre (que compreende Montevideo e Buenos Aires) é assim que se diz.
A VARRER
Em grande quantidade, em abundância, a dar com pau (v.).
AVOADO
Diz-se do sujeito despreocupado até o limite da irresponsabilidade, aquele que faz coisas sem pensar nas conseqüências, que não presta atenção. Quase o mesmo que estabanado (v.) e destrambelhado (v.).
AZAR DO GOLEIRO
Sim, todos sabemos que o azar é do goleiro, mas a expressão é usada fora do futebol, quando alguém quer dizer que dane-se quer tiver que se danar; equivalente, neste sentido, a "piça" (v.); há também o dito: todo bom goleiro precisa ter um pouco de sorte, que talvez não tenha nada a ver com a
AZAR FRESQUINHO
Expressão de descompromisso ou de regozijo pela má sorte de algo ou de alguém; equivale a dizer "Bem feito!" sobre alguém que está sendo penalizado; o mesmo que "piça" (v.), num certo sentido, é claro.
AZEITE
O mesmo que "azar fresquinho", e dito com o mesmo gosto pela penúria de quem está sofrendo.

Cidadã do Cerrado

Faltam 9 dias pro meu primeiro ano de Cerrado...Cheguei num 11 de setembro rsrsrsrs. Já me sinto uma cidadã dessa terra seca...Com um pouquito de exagero, tá bom...Mas encontrei tanta gente bacana e até um amor...Depois de 130 dias sem chuva, nesse findi caiu um pouco d'água..E o Colorado passou pra próxima fase, mesmo empatando em casa com o Gr..-dá azar até pensar neles-A Cris quer passar pano no meu quarto..Num adianta limpar essa bagunça, baixou a faxineira fascinate nela rsrsrs. Sexta Campinas novamente..Cidadezinha simpática, lembra um pouco de casa pelas ruas sujas e casas antigas, e os coretos são tão lindinhos...Vou ter que ir pro trampo..E não dê pipocas aos macacos...