Quanto menos comes, bebes, compras livros e vais ao teatro, pensas, amas, teorizas, cantas, sofres, praticas esporte, mais economizas e mais cresce o teu capital. És menos, mas tens mais. Assim todas as paixões e atividades são tragadas pela cobiça. Karl Marx.

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quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Bombril e Borregard


Piazita ainda, ficava indignada quando apareciam na tv aquelas linhas verticais. Pô duma hora pra outra ficava sem a mulher maravilha, a mulher biônica, as panteras, a corrida maluca, o Utraseven,..Bah! Aquele arremedo de zebra estragava meu dia. Então gritava pro pai: Arruma a tv!! Ele vinha, com sua calma peculiar, e se fosse só um chuvisco ajeitava ou trocava o bombril e seguia o baile..Agora, se fossem as tais linhas ele dizia um enigmático - é lá, é lá. Porra!Lá aonde eu pensava. Não possuia a abstração necessária pra concatenar que o "é lá" era a torre da TV que ficava no morro Santa Tereza, que abriga os estúdios de rádio e televisão até hoje. Muito menos os adultos perdiam tempo, há 30 anos atrás, em explicações mais "rebucadas" com as crianças. Sapecar um - é lá, tava de bom tamanho. Só que teve seu preço, uma bela manhã peguei a chave de fenda dele e abri a tv, pra mim o é lá era lá...

Outro grande mistério da infância tem a ver com cheiro. Até o final dos anos 70, comecito dos 80, um cheiro horrível invadia a cidade em algumas horas do dia. Lá vinha a pergunta: -Que cheiro é esse? - É a Borregard guria!

Nunca me atrevi a perguntar o que era a tal, mas pelo cheiro imaginava um monstro, como os dos seriados do Ultraman, bem gosmento, horroroso e muito fedorento. Cresci com aquele cheiro e num é que estava certa! A tal Borregard era um monstro: uma multinacional francesa de celulose que se instalou na cidade na década de 60 e o cheiro fazia parte do pacote dos dejetos químicos que eles largaram por 20 no nosso lindo Guaíba. Trocamos uns monstros por outros...

Um comentário:

Zed Caolho disse...
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