
As histórias que minha avó Helena lembrava da colônia meio que permeiam o imaginário de vários colonos, posto que depois fui em busca de literatura sobre o tema e uma das histórias era recorrente: a da criança que ia engatinhando até o chiqueiro e era devorada pelos porcos. Seria lenda da colônia?Pode ser, pela recorrência em que ela aparece, mas também pode ter ocorrido em várias famílias, já que os porcos eram uma das bases da alimentação dos italianos, haviam muitos e as crianças também nasciam em profusão para poder servir mais tarde na lida da agricultura. Muitas crianças curiosas, poucos adultos atentos e muitos porcos famintos...talvez não fosse lenda. Vó Helena garantia que não...todos que contam garantem. Como a história do cara que acorda na banheira sem os rins....Bueno, voltando.. essa construção que aparece no post abaixo era típica das colônias, sempre de madeira, com avarandado e alpendre e nunca faltava o porão, onde era feito o vinho, queijo e outras iguarias. A região em que meus avós nasceram no sul do Brasil -Alto Taquari- é belíssima, mas cheia de acidentes geográficos, abrir picadas ali no início da colonização não deve ter sido fácil. O que os contratantes da imigração prometiam na Itália, transformava-se em pesadelo logo que chegavam e eram "depositados" em estalagens. As terras eram em declives e para se chegar ao seu lote, quase uma busca pelo santo graal. Muitos enlouqueceram, viraram alcólatras, suicidaram-se...mas aos poucos os que ficaram foram "domando" a terra, nos declives plantaram uvas, dos parreirais fizeram o vinho que hoje é um dos mais apreciados no Brasil e no mundo. Meus avós, ao contrário da maioria dos ascendentes de italianos, saíram da colônia em direção à capital do estado. Queriam dar estudo aos filhos. Coisa rara, naquela colônia na década de 40. Eu e meu irmão fomos os 1ºs dos Bosi a nascer na capital. Meus avós conseguiram formar os filhos em Universidade Federal, não queriam que tivessem o trabalho árduo na terra. Quem me diz que não foram nobres?Quem me diz?
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