A gente ficava lá, no sofá ou no colchão de solteiro cheio de migalha de comida. Gostávamos de beber antes da transa e fumar unzinho depois. Bom, isso na verdade é o que faz mais da metade da população. Mas com ele era diferente, tinha um significado maior, era bacana demais.

Lembro de como entrelaçávamos as pernas, numa espécie daquele oito do infinito. E assim ficávamos por períodos longos. Nas tardes de chuva observávamos as pequenas gotículas que caíam de um pedacinho de telha que cobria a janela. Por vezes elas eram transpassadas por raios de sol, o que nos deixava embevecidos.

Eu era feliz mas não dizia. Ele me fazia feliz. Ele estava infeliz, pq eu não falava que era feliz.  

Assim como chegou ele foi embora, foi pros 'isteites', fazer um curso e a vida. Lembro da pergunta na boca deliciosa que nunca foi formulada. sabia que ele queria que eu fosse, mas ele sabia que eu não largaria minha vida por quem quer que fosse.

Lembrei disso pq tô em função de visto e vou passar por onde ele está. Mas não vou procurá-lo, prefiro ficar com esses pedacinhos de vida que compartilhamos. Foi lindo e me deixa feliz.